“Ora, havia um
doente, Lázaro, de Betânia, do povoado de Marta e de Maria, sua irmã” (Jo 11,1).
Quanto
ao amor de amizade, a antiquidade nos apresenta os seus modelos em Damone e
Pizia, em Pilade e Oreste. Porém, um belo exemplo nos apresenta as Escrituras na
amizade de Davi e Jônatas. Amizade que arrebatou os sublimes lamentos do
profeta após a infeliz morte de Jônatas: o Monte de Gelboé, não caia sobre vós
nem a chuva, nem o orvalho, porque foi quebrado o escudo dos fortes, e Jônatas
como um jovem leão foi derrubado! Um
exemplo ainda mais eloquente do amor de amizade é aquele entre São Pedro
e São Paulo, do qual diz a Igreja que viviam unidos.
Todos estes amores são restritivos e
limitados, porque assim é o coração humano. São amores passageiros, porque toda
criatura está de passagem nesta terra, que ao dizer de Jó, rapidamente seca
como erva do campo. Volúveis e incertos são estes amores porque volúvel é o ser
humano, como diz justamente a expressão bíblica: Infeliz de quem confia no
homem. Mas quereis saber onde se encontra o Amor em grau infinito? Vejam o Coração
Santíssimo! Vejam as chamas que o rodeia?
Vejam a ferida que o dilacera? O sangue derramado? Os espinhos que o fere, a luz que
o ilumina?
Jesus nos ama com amor de amigo. Ele mesmo
diz aos seus apóstolos: eu vos chamei de
amigos. Diz a todos os que observam os seus mandamentos. Durante a sua vida mortal Jesus demonstrou o
quanto era amigo de todos. E assim como se conhece a qualidade da amizade verdadeira
nos sofrimentos, assim foi a amizade de Jesus. Ele estava sempre com os
atribulados, com os pobres. Quando um dia lhe comunicaram que Lázaro havia
morrido, Jesus respondeu: o nosso amigo Lázaro
dorme. E para mostrar o quanto era viva em seu coração a amizade, Ele
chorou.
Santo Anibal M. Di Francia
Vol. 10 cap. 39 file 1822